sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Dois relógios
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
La vem o "monstro"
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
O dia da abóbora
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Cadê a farinha de Belém?
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Carne assada & Carnaval
Pronto! Eu estava "jurado". Eu não tinha escapatória. Foi assim que aconteceu nos festejos de São Sebastião de Rampa. A dúvida era: como seria a facada? Não demorou!
- Eu sabia que tinha alguma coisa. Uma carne assada especial não vai cair no meu prato à toa.
E, pensando rápido, vi que não tinha saída - o jeito era concordar, mas não custaria muito também acender um monte de velas e pedir pros santos para que não parasse de chover na semana do carnaval - no mínimo estragaria a "chapinha" da Empregada e, se fosse chuva forte, acabaria com a festa. Seria uma "vingança malígna".
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Mulhé, mas tu tá feia!
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Cachorro não bebe Coca-Cola
Quer dizer, ela pensa em fazer tudo isso. Sonhos e mais sonhos de uma Empregada aspirando promoção. Mas como sonhos são sonhos, muito diferentes da realidade, o que tenho observado é que nossa Coca Cola litro e meio está baixando no "PET". Cada dia que passa é menos "um dedo" na altura do cobiçado líquido em relação a base da tampa.
- Ainda bem que tive a sorte de flagrar ele aprendendo a abrir a geladeira - concluiu ela.
A resposta veio em cima da bucha:
- Que ele saiba abrir a geladeira embora ache muito difícil, ainda é possível. Mas como ele tiraria o "PET" da geladeira, abriria, beberia no gargalo, fecharia e colocaria novamente na geladeira?
- Eu também cheguei a duvidar, mas já vi que esse cachorrão é capaz de tudo. E eu só posso afirmar porque o único problema foi eu ter que fazer massagem para ajudar ele a dar o "arroto", pois isso ele não conseguiu fazer sozinho. Não fosse o arroto, nem eu acreditaria nisso.
Vou dizer o que? Depois eu conto o resto.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
O Ribão não foi
A Empregada pode até não ter dito nada como medo do que nós poderíamos falar, mas com certeza ela deve ter seguido viagem de moto-boy. Ela adora andar de moto-boy e essa parte da história eu ainda vou investigar, principalmente porque o principal ainda estava por saber: Por que o Ribão - namorado da Ana não foi? Muita maldade da Empregada não permitir que ele participasse daqueles 4 dias de farra por conta do pobre do São Sebastião de Rampa.Quem diria, logo a Ana...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
São Sebastião de Rampa
- Mas que santo é esse Ana, que eu nunca ouvi falar?
- Nunca ouviu falar de São Sebastião?
- Desse já. Mas de São Sebastião de Rampa? Este não! Isso está me "cheirando" a mutretagem.
- Não patrão. É o santo padroeiro de Rampa. Todos os "rampenses" se encontram para os festejos, que nem lá em Belém, no Círio de Nazaré. A única diferença é que em Rampa não tem corda, mas a quantidade de gente é quase a mesma.
- Ana, eu não sabia que a tua família era tão grande. Mas vamos deixar esta conversa para a hora do almoço.
Eu acho que sou masoquista. Como levar uma conversa desta logo para a sagrada hora da refeição, que deveria ser feita em paz e sem chances de rebelião. Quando percebi o meu erro jé era tarde, nem adiantaria eu tentar adiar. Pela primeira vez o almoço ficou pronto as 11 horas e ela nem perguntou se podia "botar na mesa". Já foi botando e chamando para almoçar. Diante destes fatos, previ que o assunto era muito mais crítico do que imaginava.
- Pronto patrão, do jeitinho que o senhor gosta. Arroz fresquinho e quente, um ovo frito com gema mole, feito na manteiga Real, e uma carne assada com molho especial e a farinha de Belém que eu guardei para não acabar logo.
- Pensei comigo: "quem está frito sou eu, não é o ovo". E aí veio o devaneio. Imaginei a Empregada com um frango, uma lata de farofa, uma passagem de ônibus para Rampa e um final de semana prolongado. Pronto, todos os ingredientes para fazer ela feliz.
Mas aí eu fui sádico: sabendo que estava encurralado e não teria saída, comecei a extravasar os devaneios em voz alta.
- Está bem Ana, fica liberada a sexta, o sábado e a próxima segunda.
Pelo visto vão todos os habitantes da invasão e mais a turma da Vila Lobão. Por isso a enorme quantidade de galinha que desapareceu nesta última semana. Já é até noticiário na televisão. Pelo que eles relataram, nem galo está mais cantando por lá. Todos eles foram considerados galos-gay e entraram na faca como se fosse uma boa franguinha.
Continuei meus devaneios em voz alta.
- Tenho pena do pessoal da rodoviária depois que vocês passarem por lá. Vai ser uma algazarra danada. É a meninada correndo de um lado pro outro, querendo caldo de cana uns com pastel outros com pão doce, daqueles de cobertura bem amarela, outros ainda atacando o coitado do frango assado com farofa. Aí, tem menino que cai e espalha frango e farofa pra tudo quanto é lado, sem contar as redes que são levadas em saco plástico de super-mercado, que arrebenta cai e se mistura com a comida que foi derramada, naquele alvoroço. Meu Deussss!!!! Saiam de perto.
- Penso nas mães gritando "Minino para com isso"; "Te aquieta Mundico"; "Mariazinha não bole com o Jãozinho"; "Ribiiinha, te acomoda seu peste, larga essa coxa que caiu no chão e não limpa a mão suja de farofa na minha saia". É, vai ser uma festa. Rampa que se prepare.
Vou conversar com o prefeito de São Luís. Para se ver livre desses pestinhas por um fim de semana inteiro, acho que vale a pena a prefeitura daqui patrocinar vários padroeiros no interior. A cidade fica mais calma e agradável.
E eu, continuo pensando. Já que a Empregada levou, na marra, um fim semana prolongado, nada mais justo que eu vá fazer as refeições em um bom retaurante e desconte do salário dela. Afinal ela se preocupou muito com o frango assado com farofa, para ela, e não pensou em nenhuma bandinha para mim, que eu também tenho fome.
Esses pensamentos malígnos me agradam muito. Como agradam.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
O almoço está servido.
- Que novidade de tratamento é esse Ana? Desde quando a Empregada fala assim? sempre foi: - Posso botar a mesa? o que me obrigava a corrigir para:
- Posso colocar a mesa?
A resposta dela foi assustadora:
- É que a Empregada está pensando em ser promovida para Governanta.
Meu Deus!?!?!
- Quer dizer que a Empregada quer ser promovida e quer que o patrão contrate outra empregada, provavelmente que ela vai indicar e mais provavelmente alguma parenta que provavelmente não quer nada com o trabalho e sim apenas um bom emprego nepote?
A resposta não deveria surpreender:
- O que é nepote? É algo bom ou ruim para a Empregada que deseja ser promovida a Governanta?
- Nem bom nem ruim para ela, mas é péssimo para o Patrão. Significa que estaremos iniciando um processo "congressista" de nepostismo, ou seja, empregarmos parentes preguiçosos que não vão trabalhar, mas que estarão presentes para receber o salário no fim do mês.
E aí? quem é que vai fazer as tarefas da Empregada?
- Se a parenta indicada não fizer, a Empregada, como governanta, vai fazer...
- Pronto, instalou-se a politicalha aqui em casa. Nessa altura a empregada já acertou com a parenta quanto é que ela vai receber para não exigir nada da nova empregada. É a tal distribuição da verba de gabinete...
- Ana, você está vendo televisão demais e nossos políticos não são bom exemplo para nenhum cidadão sério. Na realidade eles estimulam as falcatruas. Os noticiários deveriam passar para as madrugadas com censura rígida de, no mínimo, acima dos 70 anos, quando o indivíduo já não pode fazer tanto. Esqueça tudo isso, porque nós não estamos em Brasília, isso aqui não é o congresso e nem eu sou o Lula (cruz-credo).
E assim, uma sonhada promoção foi radicalmente cortada. Depois sou acusado de destruidor de sonhos. Eu ehinnnn!!!
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Ana Alice - A empregada
Realmente não teríamos como compartilhar nossa vida em Belém e Teresina, se não tivéssemos a Ana conosco. Confiamos nela e ela tem correspondido plenamente. Uma confiança ampla, que vai desde a alimentação do Brian - o Cachorrão, o pagamento das diversas contas mensais da rotina domiciliar, a fiscalização dos serviços domésticos terceirizados e a presença diária, inclusive nos fins de semana, sempre que estamos fora de São Luís.
Conversadeira, adora contar, sempre nos mínimos detalhes e cheio de "arrodeios", os causos que acontecem com ela, com os parentes e amigos mas, principalmente, com a vizinhança lá da invasão onde mora, ao lado da Vila Lobão. Todo dia tem um "causo": desde confusões nos ônibus quando retornou no dia anterior, ou na vinda para a labuta de manhã cedo e, se não foi no ônibus, a confusão foi de noite com um dos vizinhos ou de madrugada com os pivetes que rondam "o bairro" e, vez por outra, fazem ameaças gerais. Interessante é que ela diz que fica apavorada para, em seguida, contar as ameaças que faz aos "marginais". Vá entender isso.
Também gosta de reclamar do Brian e da má vontade do Cachorrão em ajuda-la nas tarefas domésticas. Diz ela que sempre que é convocado para o trabalho ele corre e vai dormir debaixo da cama. Isso é que é o famoso "caçar conversa". E ela faz com maestria.
Hoje ela veio me perguntar se é verdade que a planta que tenho num vaso na sala se chama Planta da Felicidade. Como pode ser este o nome da planta, se ela cheira mal e fica o tempo todo soltando folhas e sujando o chão? Respondi que esse é o nome certíssimo porque é a "planta da felicidade do patrão" que com isso vê a empregada trabalhando o dia inteiro catando as folhas do chão, sentindo o mal cheiro da planta. Nada pode deixar o patrão mais feliz do que aquilo que faça a empregada trabalhar em condições de risco. Ela deu uma gargalhada e saiu toda feliz. Realmente é a Planta da Felicidade: do patrão e da empregada e também da patroa e do cachorro. Principalmente para uma empregada que adora provocar o patrão.
Nos vemos na próxima segunda-feira quando as conversas da hora do almoço vão começar a "brotar" neste blog. Até lá.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Chegando em São Luís
Mas chegamos e, mesmo com muitas dores e ansiedades, chegamos bem, já sentindo, na iluminação de São Luís ao longe, todo um reinício de vida que se desnudava. E com esta perspectiva, vendo a cidade ficar cada vez mais próxima, íamos contando o tempo que faltava para que o "Ferry" atracasse na capital maranhense.
Atracação feita, fomos até o carro. "Os últimos serão os primeiros" - como fomos os primeiros a entrar, seríamos os últimos a sair. Era a resposta bíblica para nossas aflições de viver um desconhecido que estava se delineando. E com calma, tateando por um cidade que não conhecíamos, já quase 11 da noite de um sábado, fomos em busca do hotel que havia sido reservado para nos abrigar na chegada.
Por coincidência o hotel ficava no nosso caminho de entrada na cidade, depois que cruzamos a Ponte José Sarney, sobre a foz do rio Anil, dentro da ilha. Cruzamos a ponte, vimos a grande placa do hotel, encostamos e já agradecendo aos céus pela facilidade depois de tampo tempo de estrada.
Surpresa!!! Os agradecimentos foram cedo demais! Tudo certo mas o hotel se recusou, terminantemente, a aceitar o Brian como hóspede. 11 da noite, cansados e sem ter onde deixar o cachorro. Alopramos e partimos para procurar um hotel que aceitasse aquele que tinha se mostrado um grande companheiro nesses 5.000 km viajados.
Depois de mais de uma hora rodando meio sem rumo, quase sempre perdidos numa cidade nada fácil de andar, tendo recebido negativa em todos os hotéis que encontrávamos, desistimos e retornamos ao hotel da reserva - tinha sido o de melhor custo/benefício. Fomos tentar mais uma insistência de convencimento. No meio da conversa, ainda na recusa intransigente, o recepcionista do hotel nos disse:- porque não levam o cachorro para um hotel de cães aqui do lado? Pensei: esse cara é um louco sádico, e só faltei esganar o indivíduo.
Todos sobrevividos, tudo resolvido, acomodados, banho tomado, estresse nos picos, já eram quase duas horas da manhã, e eu nem conseguia mais dormir. São Luís me tinha feito uma recepção conturbadíssima. Como será que o Brian estava enfrentando tudo isso no seu "hotel"?
Enquanto não conseguíamos alugar um casa, e como ficar em hotel seria muito dispendioso, o jeito foi alugar um "quarto & sala", já mobiliado, próprio para veranistas em temporada, que agora estava bem mais barato pois iniciava agosto. Naquela "kitch" - como ficaria conhecida entre nós e nossos amigos - ficamos bem instalados, em boas condições de produzir o material para implementação de nosso projeto na faculdade. Mas, para que tudo funcionasse a contento, precisaríamos de uma auxiliar para cuidar da "kitch" e, principalmente, do "cachorrão".
Foi aí que toda uma nova era começou: a clara necessidade de uma empregada doméstica. Mas nunca nos passou pela cabeça que, naquele momento, estávamos "nos conectando" com Alexandre Dumas.
E, como que surgindo do nada, adentrando nossa casa, a nossa intimidade do lar, chega a Ana Alice, a Ana, a "Empregada". Originalmente trabalhando na casa do primo da Francisca, o Jelmiro e a Giselda, nos foi gentilmente "cedida" para superarmos aqueles momentos iniciais. Desses momentos iniciais já se vão três anos e meio. Era a chegada do "D'Artagnan de saias", com capa, espada e tudo o mais que ela tinha direito, para se juntar aos "Três Mosqueteiros".
Amanhã vocês vão conhecer o perfil dessa "jóia rara" - a cativante Ana Alice, conhecida como Ana - a "Empregada" - o terror do Patrão, da Patroa e do Cachorrão.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Ganidos Homógrafos
Por exemplo, como entender o "cachorrão" sem saber que ao longo dos 3.500 quilômetros que percorremos no trecho de Cuiabá à Belém, ele foi humilhantemente designado a ocupar o "palmo" de espaço no banco traseiro e que neste espaço ele tinha, frequentemente, o monitor do computador caindo por cima dele?
Sabíamos, graças a um "ganido" que ele criou especialmente para definir que tinha sido esmagado. Era um "ahum", bem agudo, que em tradução do "cachorrêz" significava, mais ou menos: - Eih pô!!! Essa merda caiu de novo na minha cabeça!!! E, se passássemos a mão, este mesmo ganido era repetido agora com um novo significado: - Não me agradem passando a mão, que o cucuruto já tá-que-tá. São os conhecidos "ganidos homógrafos" - sejam animais ou humanos.
Vocês podem não acreditar que um único ganido possa dizer tudo isso, mas eu afirmo que pode. É como quando alguém te pede ajuda para carregar um botijão de gás, de 13kg, cheio, e deixa ele cair em cima do teu pé, logo do teu que estava prestando um favor e você diz tão somente e suavemente um grunhido no som de - Putz. Não queiram que eu descreva todo o significado deste "Putz". Pois é, era assim com o ganido do "cachorrão".
Da mesma forma aprendemos que se tem hora para cada atividade. Por exemplo, soltar o "cachorrão" num posto de gasolina de beira de estrada para fazar "pipi", e querer que ele termine tudo bem limpinho, sem óleo nas quatro patas, como se fossem quatro rodas, graxa nos pelos da barriga como se fossem gaxetas, pó de barro nas costas como capô e, depois dessa imagem repugnante, você ver o "monstro" correr para cima de você, trotando como se fosse um equino, balançando as grandes orelhas como se fosse um gavião querendo alçar vôo e, finalmente, pular no teu colo, como se fosse um recém nascido, banhado e cheiroso. É aí, neste doce momento, que percebemos que nossos instintos homicidas estão apenas latentes e, como o gênio da garrafa, implorando ser libertado.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Saindo de Porto Velho
E assim foi feito. Pelo horário, ainda daria para pernoitar em Ji-Paraná. Telefonei para o Alex, um ex-funcionário e amigo que mora naquela cidade, pedindo que providenciasse a reserva em hotel, pois com a feira agropecuária que iria se iniciar no dia seguinte, havia problema de hospedagem. Ligação feita, reserva confirmada, pé na estrada.
Saindo de casa as lágrimas emergiram. Foi um choro silencioso num por do sol cinematográfico, daqueles que eu curti muito voando de ultraleve. Parece que os anjos que me acompanhavam nos vôos de fim de tarde, resolveram me saudar com aquele visual do adeus.
Mais emoção ainda quando, olhando para o lado, vi o Jair no seu "Borboleta Deslumbrada" - apelido que dei ao jipe Javali pintado na cor amarelo ouro - andando em ala comigo, como fazíamos nos ultraleves. Estava perto o suficiente para eu perceber que nele também as lágrimas escorriam no adeus de um amigo-irmão que compartilhava as alegrias, tristezas e, vez por outra, muita briga.
Momentos vividos como disse o Mello ainda ontem: - "O tempo passa e passamos a contar histórias por nós vividas. E como é bom. Posso entender plenamente o que quis dizer em sua cronica, e fico feliz em fazer parte destes bons tempos, das nossas reuniões em volta de uma mesa farta, conversas paralelas que temperaram nossas amizades".
O Brian, permitido ficar no banco da frente até Cuiabá, estava impecável, com cinto de segurança e um olhar ao longe, como que respeitando a minha dor da despedida. Ainda bebê, mas já um cachorrão, sentia que aquela saida de carro era diferente das tantas outras em que nos acompanhava nas visitas ao Mello - principalmente para repartirmos o almoço de domingo (ele com seus dotes culinários de "Chef" e eu com meus dotes consumistas de "Client" do churrasco "Assados na Brasa"). Ele se comportava direitinho nas idas à padaria, super-mercado, Jeep Clube e tantos outros. Poderia não saber exatamente do que se tratava mas, seguramente sentia, por intuição animal, que seria uma longa viagem. Tão longa que provavelmente não mais retornaria.
Saindo da cidade, lágrimas enxugadas, agora era pensar no pernoite em Ji-Paraná. Seriam 400 km de estrada relativamente boa para uma viagem diurna. A noite, pois estávamos saindo as 5 da tarde e não demoraria muito para escurecer, a estrada era perigosa, intercalando bons trechos com asfalto liso, e outros, repentinamente, com uma buraqueira daquelas de empenar roda e cortar pneu. Assim, sendo de noite, não se podia entusiasmar e cair na "armadilha das crateras sapos" (elas surgiam tão de repente que pareciam sapos pulando do acostamento diretamente na frente da roda do carro).
Numa viagem lenta mas segura, sem que ninguém nos ultrapassasse pois todos deveriam ter pensado na mesma atitude, chegamos por volta das dez e meia da noite e o Alex já estava nos esperando para papearmos um pouco, matando a saudade e falando de planos para o futuro. Foi rápido, mas foi muito caloroso.
O recepcionista do hotel também já esperava por mim e pelo Brian, com expressas recomendações de que o "cachorrão" não fizesse barulho. Prometi que ele seria bem comportado, pois ainda bebê, nem sabia latir. O recepcionista fingiu que acreditou e lá fomos nós quarto a dentro, descançar de uma viagem estressante pelo emocional, por ser noturna, pelos buracos e pelo constante cuidado que eu tinha para o Brian não se machucar em cada freada repentina em cima de um buraco desavisado.
Estava tão cansado que nem tive tempo de me arrumar muito. Foi deitar e "chinar". O Brian? Não tenho a menor idéia de como ele dormiu. Tinha colocado a ração e antes que ele terminasse eu já estava nos braços de Morfeu - o deus grego dos sonhos.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Francisca - a patroa
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Brian - o cachorrão
Brian é um cão da raça Springer Spainel, marron e de excelente "pedigree". Pegou o apelido de "cachorrão" porque não conhecendo a raça - até então tivemos 2 Cocker Spainel durante quase 18 anos, um mais velho que o outro 6 anos - não conseguimos avaliar corretamente a informação de que os Springer eram muito parecidos com o Cocker, apenas sendo um pouquinho maiores.
Quando fizemos a mudança de Porto Velho para São Luís ele acabava de completar 10 meses. Era um simpático "bebezão peludo" participando de sua primeira aventura. E que aventura...
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Eu - o patrão
Aqueles momentos começaram com a profunda aprendizagem espiritual, na convivência com o Mestre Jean Carlo e o Flávio Sgarbi - que coordenava nossa "Sopa do Sgarbi", uma vez por mês no GEFA, concorrendo com a famosa "Sopa do Micharia" na Av. Pinheiro Machado. Lembranças maravilhosas das amigas tão especiais e inesquecíveis como a Dulci, minha grande madrinha e irmã de alma, a "dondoca" Ilcléia que acreditou no nosso trabalho com as palestras e a querida Patrícia "a patricinha", grande estímuladora para as visões das diversas abordagens de um mesmo tema, cada uma nos gerando especiais aprendizados e, por tudo isso, elas nunca serão substituidas em nossos corações, deixando uma grande lacuna de amor e carinho. Claro que também nos marcaram o Pedro Barbosa e Cleônice na sua missão como dirigente da Federção Espírita e do Centro Bezerra de Menezes, o Elarrat que também nos acompanhou academicamente na FARO, o Trindade - companheiro das tardes de quartas-feiras, Luís Adão e Luís Pontes de inúmeras e construtivas conversas no meu pós-UTI, e tantos outros amigos que nos ajudaram na semeadura que certamente dará farta colheita nas próximas encarnações.
Independente dos contratos que tinha com mais seis empresas de telefonia do sistema Telebrás, Rondônia, especialmente, me abriu as portas e me deu condições de fazer crescer a empresa e, pelas condições de um estado novo, também crescer pessoalmente. Pena que num determinado momento nossa integridade moral que tanto foi referência para a segurança de nossos serviços, passasse a ser um entrave e, na intransigência, optaram por ser "deletado" da relação de fornecedores, com a rescisão unilateral de todos os contratos que estavam em andamento - me lembrando do famoso "corta e apara" quando, com o tio Edson, empinava "papagaios" - hoje "pipas" -no terraço de casa na Rua Farias Brito em Belém. Quanta coisa aprendi naquele episódio.
Mas esta lembrança ruim que foi superada pelas saudades das pescarias com uma turma muito boa, na Represa de Samuel, nos rios Jamari, Verde, Candeias, Machado e tantos outros pesqueiros maravilhosos daquela região, a maioria deles a bordo da minha adorável "Babalu" - uma voadeira de alumínio, especialmente encomendada para atender aquilo que é fonte de desejo de todo pescador esportivo de isca artificial.
Também me veio à lembrança a excelente estação de radio-amadorismo que tinha montada e que me permitia contatos maravilhosos quando ainda nem existia o Skype, e que levava o radio móvel para operação durante os dias de pescaria e nas noites que o cansaço físico e a desidratação do dia no sol nos "derrubava", aproveitava para papear madrugada a dentro.
E os jipeiros e nossas aventuras, que culminou na fantástica expedição solitária que fiz como copila do jipeiríssimo Solano, 4x4 de mão cheia, chegando a Cuzco/Machu Picchu, subindo a cordilheira dos Andes a partir de Rio Branco/AC. O grupo de jipeiros do Jeep Clube de Porto Velho é fantástico e, deles, o único ponto doído foi a imensa saudade que deixou no meu peito.
Mas não foi só isso. Como esquecer daquilo que foi minha grande realização - o sonho dos sonhos - a grandeza e o prazer de voar. O vôo de ultraleve básico, aquele que te toca a alma e provoca adrenalina na medida certa. Aquele prazer que não apenas nos levanta, mas nos enleva, nos faz chegar ao nirvana. Voar esportivamente, de ultraleve básico, e chegar bem próximo da divindade.
Amigos como o Mello, Jair, Solano, Helder, Cássio, Postigo, Walter, Maurílio, Edmundo e tantos outros que não dá nem para relacionar, pesaram tanto quanto suas massas neste meu peito meio derrubado pelos anos e pelo erro de um médico maluco, o que me fez passar seis dias numa UTI - talvez este tenha sido o único fato pessoal negativo em toda minha permanência na querida Rondônia. Mas depois de vinte anos vivenciando "de canudinho" aquelas plagas, acho que seria muito não admitir nenhuma falha, pois do jeito que um médico doido quase me mata, outro médico, competentíssimo, me trouxe de volta.
É, nessa viagem eu estava deixando para trás os melhores e mais vividos momentos da minha vida, com aquela intuição de que eu não voltaria mais.
Como estes meus devaneios se prolongaram, vamos deixar para continuar amanhã, no nosso próximo encontro.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Os Três Mosqueteiros
Nem imaginávamos que neste grupo iria se integrar um quarto elemento, o que hoje me lembra muito o romance escrito por Alexandre Dumas "Os Três Mosqueteiros" quando a eles veio se juntar D'Artagnan, o inesperado quarto elemento do trio.
É isso mesmo: um trio com quatro integrantes. Se tudo é possível na imaginação criativa dos romancistas e, como a arte imita a vida, então se conclui que também na nossa vida real é válido um trio de quatro integrantes. Se assim não fosse, esse trio perderia todo o seu encanto.
Agora é importante conhecermos este quarteto que vem gerando histórias que se transformam nas estórias que animam nossos almoços e os lanches de final de tarde.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Os personagens
Depois de 1.500km de odisseia, experimentando um novo tipo de "co-piloto", o Brian e eu chegamos em Cuiabá para reencontrarmos a Francisca, que veio de avião, completando o trio numa viagem conturbadíssima.
Começava uma nova história de nossas vidas. O patrão, a patroa e o cachorro unidos pelo aperto de um Fiat Mille, 1995, com bagagem digna de um "pau-de-arara" nordestino trilhavam os 5.000km que separam Porto Velho de São Luís.
Passamos por Belém, onde surpreendentemente tivemos a profunda tristeza de, numa marcante e amarga coincidência, chegarmos no dia em que meu pai, inesperadamente, falecera. Digerido aquele impacto doloroso, buscamos energias no "fundo do baú" para a superação que se fazia necessário para prosseguirmos a viagem até o destino final, que já estava a pouco menos de 1.000km.
Imaginem uma viagem de 5.000km com um carro lotado de bagagem, um cachorro apertado no banco trazeiro com o monitor do computador virando sobre ele a cada jogo de direção para evitar as incontáveis "crateras" que faziam das BRs uma "malha" de grandes buracos, ligados por outros buracos menores e, como numa estrutura atômica, criando uma malha rodoviária ligando cidades. Precisava de muita imaginação para ver "aquilo" como estradas - e nós tínhamos imaginação, o que nos permitiu chegar.
Eram 10 da noite de um sábado quando o "Ferry Boat" encostou em São Luís e nós "puxamos" um ar adicional para os pulmões e, sem conhecer a cidade, saímos para procurar um hotel - os primos da Francisca, que durante seis meses deram toda uma carinhosa hospedagem para ela, estavam viajando para Teresina e não pudemos contar com a ajuda deles.
Começava ali o périplo que nos fez ver que o trio estava realmente iniciando uma grande "navegação". Só não sabíamos que logo em seguida teríamos a companhia da "empregada" para formar nosso quarteto dos Três Mosqueteiros.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Começando...
A Ana Alice, a partir de agora tratada como Ana ou "empregada", ouvindo as histórias pelas estórias que eu re-contava com as pitadas de sarcasmo e dramaticidade necessários para que fosse despertada a curiosidade da "empregada", normalmente a personagem principal, insistia que toda aquela conversa maluca fosse escrita - acredito que isso se deva por fazer parte do atendimento sado-masoquista do ego.
E aqui estou eu atendendo ao pedido da "empregada" que inclusive tem os créditos pelo título, que foi por ela sugerido e imposto, depois da votação em que fui minoria absoluta e perdedor humilhado por ter a mulher e o cachorro solidários com a empregada, a despeito da minha posição machista de provedor familiar.
Perder para a mulher ainda passa e normalmente aproveitamos para tirar vantagens lá na frente, mas perder para a "empregada" e para o cachorro, aí é humilhação. O "Brian" com todos os atributos de fiel companheiro do dono, submisso a detentora dos temperos, bandeou-se para o lado de lá. Conversarei com ele no dia que acabar o atual saco da boa e cara ração que compro a cada 45 dias.
Tudo isso aconteceu recentemente e para entender é preciso que se saiba de nós, personagens desta vida real, conversando e filosofando sobre os acontecimentos do dia-a-dia, em torno de uma mesa no pontual horário do almoço, no cenário em que nos encontramos nesta simpática e acolhedora São Luís, capital do estado do Maranhão, onde cheguei com "armas e bagagens". Mas isso vamos deixar para que vocês nos acompanhem nas próximas postagens.