terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cadê a farinha de Belém?

A não ser pelo horário bastante atrasado, hoje as coisas voltaram ao normal no almoço, ou quase. Já era uma e meia da tarde quando a Empregada anunciou com toda a pompa:

- Já botei o almoço!
- Ana, você não botou nada! Diga que "O almoço foi servido"!"

Para que eu não esquecesse a conversa do sábado, ela repetiu o almoço e mais uma vez tive que olhar aquela carne assada, apetitosa, que me fez lembrar aquela farinha especial da região bragantina no Pará. E o momento era esse.

Naturalmente desviei o olhar para o aparador que fica na copa, onde tenho, em potes de vidro, aquilo que considero tesouros que precisam estar sob constante vigilância. E, dentre esses tesouros, é lógico que está a farinha de mesa de Bragança, maravilhosamente torrada, prazeirosamente trazida e cuidadosamente conservada. Naquele relance percebi que tinha alguma coisa errada: apurei a vista e uma visão surpreendente quase me provoca uma parada cardíaca - Minha farinha tinha sumido. O que restava no pote era apenas aquele pó, indicando que a farinha acabara.

Mas como isso pode acontecer? Eu sempre fiscalizava o uso comedido da minha farinha e, de repente, ela simplesmente acabara!

- Ana!?! O que aconteceu com a minha farinha? Como ela pode ter acabado?
- O Patrão está esquecendo que teve farofa no almoço de sábado? E no de hoje também vai ter, é só eu botar na mesa.
- Ana!!! Não se bota nada na mesa. Meu Deus!!! Ela está conseguindo desviar minha atenção do sumiço da farinha para o "botar na mesa". Ela ainda vai me deixar maluco!!!

Tive que fazer uma pausa respiratória para continuar:
- Eu quero é saber quem foi que mandou pegar minha farinha especial e transforma-la numa comum farofa de carne assada?

- Patrão, com uma carne dessas, preparada com todo gosto, eu não poderia usar outra farinha. Tinha que ser dessa aí que já está ficando velha de tanto que ela fica guardada no pote. Minha carne merece isso. Perguntei pro Brian se podia e o Cachorrrão me disse que sim.

Paciência!!! O casamento perfeito da farinha do Pará com o doce de jaca do Maranhão teria que ser adiado. E, pelo bem da boa convivência, o melhor era colocar a culpa de tudo isso no Dr. Valadão, que ainda não me liberou para comer doces. Mas isto é outra longa história.

2 comentários:

Unknown disse...

Ufa, no inicio cheguei a pensar que a farinha foi a iguaria principal dos festejos de S.Sebastião da Rampa.

Anônimo disse...

Essa farinha rende.
Rende porque a fiscalização é acirrada.

Rende porque é moeda de barganha para outras iguarias com a empregada e a patroa e se não tomar cuidado com o cachorrão.

Bendito seja o São Sebastião de Rampa!

E a Virgem de Nazaré!