sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Dois relógios

A conversa hoje foi por causa do relógio da copa que estava parado. A Empregada não perdeu a oportunidade para dizer que, como o relógio não estava funcionando e ela não sabia da hora certa, ela poderia encerrar o "expediente" a qualquer momento. Tive que fazer uma outra abordagem do tema: Já que o "tempo" estava parado, ela permaneceria no expediente até que o tempo seguisse seu caminho e tudo dependeria da minha disposição de trocar uma pequena pilha AA.

Aproveitei o embalo para informar que estaria providenciando mais um relógio de parede. Aquele que estava parado, na copa, acima da porta externa, seria para informar a hora de saída da Empregada. Um novo relógio seria colocado na mesma parede, pelo lado de fora, para controlar o horário de entrada da Empregada. E, para evitar desencontros no tempo, o da chegada estaria 15 minutos adiantado, o que seria compensado pelo de dentro, da saída, que ficaria 15 minutos atrasado. Decisão tomada sem discussões.

A Empregada ainda está pensando como não ser lograda nessa estratégia. Tavez seja melhor assim do que ter que enfrentar um relógio parado cinco minutos antes da saída até a boa vontade do Patrão em trocar a pilha e liberar a saída.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

La vem o "monstro"

No meio da tarde, um tempo nublado, aquele jeitão de "não sei se quero que chova", toca a campainha da casa. A pergunta é comum a todos os habitantes:

- A patroa esta esperando alguém? (nessa altura o patrão nunca tem o direito de receber um amigo);
- Murilo, a essa hora, quem será? (como se eu pudesse adivinhar);
- Rhunfff! O Cachorrão rosna e olha, como que falando - quem será o chato?
- Porque vocês não vão ver? (eu disse o óbvio e não fui bem aceito).

A Patroa foi abrir o portão e todos ficamos na espectativa.
- Quem é?
- É o Sedex. Eu preciso que assinem o recibo da encomenda.
O portão foi aberto e vimos o carteiro, franzino, estendendo a mão com um envelope e mais um papel de recibo e uma caneta.

Quando eu disse vimos, foi porque todos nós vimos, inclusive o Cachorrão. E aquilo para ele era uma imagem do paraiso: um carteiro franzino, com as mãos ocupadas bem na frente do portão aberto - era um prato cheio para o espetáculo que ele queria dar e com a platéia ideal - o patrão, a patroa e a empregada. E não deu outra...

Embora de tamanho médio, um cão da raça Springer Spainel, por ser peludo e ter umas belas e grandes orelhas que se balançam a qualquer movimento, sempre dá a idéia de que é muito maior do que a realidade, o que somado com um focinho bem desenhado e também peludo, rapidamente fazem uma imagem mal encarada. Se somarmos a isso tudo uma passada característica única desta raça - um trote equino, podemos imaginar a figura assustadora em que se transforma.

E foi esta figura assustadora que partiu para aquele alvo que ocupava o espaço do portão aberto. A reação foi instantânea, através de um grito de apelo:

- La vem o monstro!!!
Ouvimos do carteiro ao mesmo tempo em ele que pulava para o outro lado da rua. E de lá, ainda apavorado, deu outro grito, desta vez meio engasgado:

- Segura o bicho!!!
Foi quando a Patroa, ainda assustada com a reação do carteiro, gritou para ele:
- Não se preocupe que ele não morde. Ele não passa do batente do portão.
- É o que todo mundo diz, só que os cachorros não sabem. Eu já sou todo mordido. Segura esse bicho!!!

E o Cachorrão, entendendo que tinha se imposto ao estranho, deu duas rosnadas e voltou feliz para dentro de casa - a missão estava cumprida e tinha sido para a platéia certa.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O dia da abóbora

Foi na semana passada - a desconjurada "Sexta-Feira 13 - Dia da Abóbora". A Empregada aproveitou para fazer um "raspa" nas abóboras com vela que iluminavam os becos lá da invasão, sem imaginar a grita que isso iria gerar. Eram crianças chorando porque tinham visto uma bruxa levar as abóboras; tinha carro da polícia com aquelas luzes que mais parecia boate de zona; repórter de televisão, corpo de bombeiros, enfim, um rebu.

E aí? E aí que a Empregada gelou, passou a noite com febre e, para se livrar do problema trouxe aqui para casa as abóboras, que vai nos dar almoço por um mês, e as velas - tá certo que meio usadas, algumas só o "toquinho", que daria para enfrentarmos muitas horas de falta de luz, o que é comum aqui em São Luís.

Mas nada disso eu sabia. Para mim, a única coisa diferente era o aroma de um bom almoço, que começou cedo. Já nem dava para trabalhar direito, com aquele cheiro gostoso fazendo nosso estômago revirar. Ingenuamente, diversas vezes fui dar uma olhada na cozinha para saber do que se tratava, mas a empregada negou a minha entrada. Pensei que seria pela surpresa que ela queria fazer, e realmente fez, embora muito além do que eu poderia esperar.

Chegada a hora, foi só ouvir o grito do - Já botei a mesa (o que não me acostumo e sempre me arrepia), e eu parti correndo para, afinal, saber o que me esperava e não acreditei no que via. Era abóbora pra todo lado e de todo o jeito. Abóbora recheada com carne, com verdura, abóbora com abóbora, uma especial com cenouras, chuchu e batatas no creme de leite, e até com frango (esse acho que ela também trouxe do despacho, lá da encruzilhada da subida para a invasão e para a Vila Lobão - lá eles não fazem despacho com frango comum, apelam logo para o "Chester" para garantir o pedido, ainda mais sendo sexta feira-13).

Na verdade não sei se ela queria me agradar, para eu liberar o Carnaval, ou queria, depois de todo o rebu de sexta a noite, se ver livre da "prova do crime", me fazendo engolir as abóboras e assim me tornar cúmplice das apropriações indevidas e diabólicas. Decidi que não compactuaria com aquilo e resistiria bravamente a um estômago, que mesmo pequeno, já berrava que nem bode velho.

Mas, depois do terceiro berro do estômago, o jeito era recorrer e, segundo nosso benevolente STF, como ainda cabia este expediente, eu ficaria em liberdade - o que significa a liberdade de comer a abóbora que eu estava "paquerando" - aquela com creme de leite, que cheirava mais que aparador de barbeiro.

Comi que me acabei. Medo das bruxas? He, he, he - aproveitei as velas e acendi todas elas pros santos me protegerem. Se dá certo? É claro que dá, até agora não tive nem indigestão. E para não duvidarem, curtam a foto do que foi a abóbora preferida.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cadê a farinha de Belém?

A não ser pelo horário bastante atrasado, hoje as coisas voltaram ao normal no almoço, ou quase. Já era uma e meia da tarde quando a Empregada anunciou com toda a pompa:

- Já botei o almoço!
- Ana, você não botou nada! Diga que "O almoço foi servido"!"

Para que eu não esquecesse a conversa do sábado, ela repetiu o almoço e mais uma vez tive que olhar aquela carne assada, apetitosa, que me fez lembrar aquela farinha especial da região bragantina no Pará. E o momento era esse.

Naturalmente desviei o olhar para o aparador que fica na copa, onde tenho, em potes de vidro, aquilo que considero tesouros que precisam estar sob constante vigilância. E, dentre esses tesouros, é lógico que está a farinha de mesa de Bragança, maravilhosamente torrada, prazeirosamente trazida e cuidadosamente conservada. Naquele relance percebi que tinha alguma coisa errada: apurei a vista e uma visão surpreendente quase me provoca uma parada cardíaca - Minha farinha tinha sumido. O que restava no pote era apenas aquele pó, indicando que a farinha acabara.

Mas como isso pode acontecer? Eu sempre fiscalizava o uso comedido da minha farinha e, de repente, ela simplesmente acabara!

- Ana!?! O que aconteceu com a minha farinha? Como ela pode ter acabado?
- O Patrão está esquecendo que teve farofa no almoço de sábado? E no de hoje também vai ter, é só eu botar na mesa.
- Ana!!! Não se bota nada na mesa. Meu Deus!!! Ela está conseguindo desviar minha atenção do sumiço da farinha para o "botar na mesa". Ela ainda vai me deixar maluco!!!

Tive que fazer uma pausa respiratória para continuar:
- Eu quero é saber quem foi que mandou pegar minha farinha especial e transforma-la numa comum farofa de carne assada?

- Patrão, com uma carne dessas, preparada com todo gosto, eu não poderia usar outra farinha. Tinha que ser dessa aí que já está ficando velha de tanto que ela fica guardada no pote. Minha carne merece isso. Perguntei pro Brian se podia e o Cachorrrão me disse que sim.

Paciência!!! O casamento perfeito da farinha do Pará com o doce de jaca do Maranhão teria que ser adiado. E, pelo bem da boa convivência, o melhor era colocar a culpa de tudo isso no Dr. Valadão, que ainda não me liberou para comer doces. Mas isto é outra longa história.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Carne assada & Carnaval

O título até que rima: "Carne assada & Carnaval" daria uma boa marchinha carnavalesca e seria muito divertida se nele não estivesse contido a vil intenção da empregada de tripudiar em cima da ingenuidade do patrão. A coisa começou assim...

Com toda a doçura, a Ana disse:
- O almoço está servido.
E quando a Empregada substitui o tradicional "- Já botei a mesa" por esta snob frase, fico muito preocupado. Escuto esta melodia como quem no mato escuta, nas suas costas, o encantador "chocalho" de uma cascavel. Aí tem cobra!!! Ops, aí tem coisa!!!

Na minha santa ingenuidade fiquei imaginando o que a Empregada ia querer - quando ela fala assim, ela sempre quer alguma coisa dificílima de ser concedida: aumento de salário não seria possível pois o nosso presidente "Lula não sei de nada" já havia concedido para o mês de fevereiro sem nem perguntar se eu poderia pagar; dinheiro para ela voltar de Moto-boy, também não, pois com as chuvas fortes ela não iria arriscar molhar a "chapinha" que tinha custado uma "grana preta"; dizer que teria que voltar a Rampa para buscar o saco com a rede que ela esqueceu na beira da estrada enquanto empurrava a Van, também não colaria...

Meu Deus!!! Essa mulher ainda vai me matar de indigestão com essa mania de manter, exatamente na sagrada hora do almoço, o suspense do "chocalho da cascavel". E, para agravar a expectativa, ela ainda ficou de "arrodeios" até que, de forma aterrorizante, se delatou:

- O que o patrão achou da carne assada especial que eu preparei para ele?
Pronto! Eu estava "jurado". Eu não tinha escapatória. Foi assim que aconteceu nos festejos de São Sebastião de Rampa. A dúvida era: como seria a facada? Não demorou!

- Sabe patrão, na próxima semana é o carnaval e lá na invasão da Vila Lobão eu é que cuido dos festejos...
- Eu sabia que tinha alguma coisa. Uma carne assada especial não vai cair no meu prato à toa.

E, pensando rápido, vi que não tinha saída - o jeito era concordar, mas não custaria muito também acender um monte de velas e pedir pros santos para que não parasse de chover na semana do carnaval - no mínimo estragaria a "chapinha" da Empregada e, se fosse chuva forte, acabaria com a festa. Seria uma "vingança malígna".

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mulhé, mas tu tá feia!

Não sei por que "cargas d'água" a Empregada veio lembrar, na hora do nosso almoço, de um episódio ocorrido nesses festejos de São Sebastião de Rampa. A história começou assim...

Chegando em Rampa, passadas as agruras da viagem, do desespero de segurar os "pestinhas" na rodoviária e, pior, pela Van que não apareceu no entroncamento de Humberto de Campos e deixou o pessoal na chuva e na lama, a Empregada se entregou a um bom banho, um bom descanso e, depois, uma boa arrumada no visual, com direito ao cabelo na "chapinha", para curtir uma voltinha na praça onde estava o principal "point" dos festejos.
Desfila para um e outro lado; fala com uma amiga; puxa conversa com uma parente que não via "faz tempo"; um Oi! pra cá, um Oi! pra lá, quando quis o destino que ela encontrasse com a Gertrude - que ganhou esse nome depois que a mãe dela trabalhou para um casal alemão que morou pelas bandas de cá, e ela, também toda arrumada, quando viu a Ana Alice, fez aquela recepção calorosamente escandalosa em plena praça:
- Ana, quem bom que te encontrei, há quanto tempo nós não se via!
E, em seguida,
- Mas mulhé, com tu tá feia!?!
- Eu??? Eu tô é maravilhosa. Quem tá feia é tu! Gorda, com essa barriga caída, um cabelo seco e uma boca mole e sem sorriso. Tu não te olha no espelho, não??? Te cuida menina!!!
Foi a glória. Na frente de todos os conhecidos que pararam para presenciar aquela conversa, ela havia, na bucha, dado o que ela considerava o merecido "troco".
É por isso que eu tenho os meus cuidados com a Empregada. Sei lá o que ela será capaz de me aprontar. A vida já me ensinou muita coisa e uma delas foi de que não se mexe com a vaidade de uma empregada que está de bem com a vida. E a Ana está do jeito que ela sempre gosta. Ainda bem. As boas energias são sempre bem vindas e o nosso ambiente agradece.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cachorro não bebe Coca-Cola

Depois que a Empregada começou a pleitear uma promoção para Governanta, passou a falar rebuscado e um de seus motes preferidos é "o almoço está servido". Ela deve ter visto isso em algum filme inglês, para substituir o seu tradicional "maranhês" - "já botei o almoço". E, junto com a nova linguagem, veio também um novo hábito com algumas sofisticações: tomar vinho no almoço, comer queijo no café da manhã e frutas no lanche matinal, cremes na sobremesa, sem abrir mão do café das cinco, pois ainda não se acostumou com o gosto apurado do chá.

Quer dizer, ela pensa em fazer tudo isso. Sonhos e mais sonhos de uma Empregada aspirando promoção. Mas como sonhos são sonhos, muito diferentes da realidade, o que tenho observado é que nossa Coca Cola litro e meio está baixando no "PET". Cada dia que passa é menos "um dedo" na altura do cobiçado líquido em relação a base da tampa.

Na primeira vez que protestei, a Empregada alegou que poderia ser um equívoco do patrão, pois ninguém havia entrado na cozinha. Como eu insistisse, ela então demoliu qualquer clamor e, afirmando que embora não quisesse ser "cagueta", alegou que não aceitaria a culpa injusta e disse que tinha sido o "Cachorrão".

- Ainda bem que tive a sorte de flagrar ele aprendendo a abrir a geladeira - concluiu ela.

Perguntei:
- Que ele saiba abrir a geladeira embora ache muito difícil, ainda é possível. Mas como ele tiraria o "PET" da geladeira, abriria, beberia no gargalo, fecharia e colocaria novamente na geladeira?

A resposta veio em cima da bucha:
- Eu também cheguei a duvidar, mas já vi que esse cachorrão é capaz de tudo. E eu só posso afirmar porque o único problema foi eu ter que fazer massagem para ajudar ele a dar o "arroto", pois isso ele não conseguiu fazer sozinho. Não fosse o arroto, nem eu acreditaria nisso.


Vou dizer o que? Depois eu conto o resto.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Ribão não foi

No almoço de terça feira começaram a chegar os detalhes dos festejos de São Sebastião de Rampa. Nessa hora, escutando em silêncio o relato da Empregada, cheguei ao extase imaginando o pessoal da Vila Lobão, na volta para São Luís, na lama, empurrando a Van ladeira acima, com as trouxas de roupas, redes e demais apetrechos de uma boa farofada, no chão, pegando chuva.

Parece que o habitual aconteceu: como sempre nesses programas, em cima da hora, o acerto de transporte falha. E na ida não foi diferente, quando eles chegaram em Humberto de Campos, onde a turma desce do ônibus de linha e pega uma Van já préviamente contratada, ficaram por lá mesmo e a Van não apareceu. Coloquei novamente a imaginação antenada para vislumbrar aquela ruma de crianças "pegando fogo", aquela altura com fome, correndo atrás dos pobres frangos assados e assustados, sem penas, sem pescoço e sem cabeça, que tentavam fugir para o mato. E, na beira da estrada, uma gritaria histérica das mães a cada carro que se aproximava, muito mais com medo que os carros atropelassem os fugitivos frangos com farofa do que com os próprios "pestinhas" que estes, elas muito bem conheciam, sabiam se defender.

A Empregada pode até não ter dito nada como medo do que nós poderíamos falar, mas com certeza ela deve ter seguido viagem de moto-boy. Ela adora andar de moto-boy e essa parte da história eu ainda vou investigar, principalmente porque o principal ainda estava por saber: Por que o Ribão - namorado da Ana não foi? Muita maldade da Empregada não permitir que ele participasse daqueles 4 dias de farra por conta do pobre do São Sebastião de Rampa.Quem diria, logo a Ana...

Muito esperta, ela foi para Rampa sem dizer nada pro Ribão. E o Ribão enlouqueceu imaginando a sua Ana Alice, sozinha em Rampa, andando de moto-boy, no meio daquele povo que foi acompanhar a procissão do São Sebastião e que depois iria "cair na folia" do bom reagge do Maranhão. E a Ana era "reaggeira" de "quatro costados" conhecendo tudo quanto é "radiola" dessas bandas. A Ana e o reagge é que nem formiga no açucar e por isso o Ribão tinha bons motivos para ficar preocupado.

Até hoje a Empregada ainda não se recuperou dos 4 dias em Rampa e nem as histórias se acabaram. Sei que ainda tem muita coisa para emergir daquele fim de semana. É só ter paciência que ela vai desembuchar causo por causo, incluindo a ausência do Ribão. Amanhã tem mais...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

São Sebastião de Rampa

A conversa começou logo cedo, ainda pelo café da manhã. A Empregada queria uma folga extra de um fim de semana prolongado para participar dos festejos de São Sebastião de Rampa.
- Mas que santo é esse Ana, que eu nunca ouvi falar?
- Nunca ouviu falar de São Sebastião?
- Desse já. Mas de São Sebastião de Rampa? Este não! Isso está me "cheirando" a mutretagem.
- Não patrão. É o santo padroeiro de Rampa. Todos os "rampenses" se encontram para os festejos, que nem lá em Belém, no Círio de Nazaré. A única diferença é que em Rampa não tem corda, mas a quantidade de gente é quase a mesma.
- Ana, eu não sabia que a tua família era tão grande. Mas vamos deixar esta conversa para a hora do almoço.

Eu acho que sou masoquista. Como levar uma conversa desta logo para a sagrada hora da refeição, que deveria ser feita em paz e sem chances de rebelião. Quando percebi o meu erro jé era tarde, nem adiantaria eu tentar adiar. Pela primeira vez o almoço ficou pronto as 11 horas e ela nem perguntou se podia "botar na mesa". Já foi botando e chamando para almoçar. Diante destes fatos, previ que o assunto era muito mais crítico do que imaginava.


- Pronto patrão, do jeitinho que o senhor gosta. Arroz fresquinho e quente, um ovo frito com gema mole, feito na manteiga Real, e uma carne assada com molho especial e a farinha de Belém que eu guardei para não acabar logo.

- Pensei comigo: "quem está frito sou eu, não é o ovo". E aí veio o devaneio. Imaginei a Empregada com um frango, uma lata de farofa, uma passagem de ônibus para Rampa e um final de semana prolongado. Pronto, todos os ingredientes para fazer ela feliz.

Mas aí eu fui sádico: sabendo que estava encurralado e não teria saída, comecei a extravasar os devaneios em voz alta.

- Está bem Ana, fica liberada a sexta, o sábado e a próxima segunda.
Pelo visto vão todos os habitantes da invasão e mais a turma da Vila Lobão. Por isso a enorme quantidade de galinha que desapareceu nesta última semana. Já é até noticiário na televisão. Pelo que eles relataram, nem galo está mais cantando por lá. Todos eles foram considerados galos-gay e entraram na faca como se fosse uma boa franguinha.

Continuei meus devaneios em voz alta.

- Tenho pena do pessoal da rodoviária depois que vocês passarem por lá. Vai ser uma algazarra danada. É a meninada correndo de um lado pro outro, querendo caldo de cana uns com pastel outros com pão doce, daqueles de cobertura bem amarela, outros ainda atacando o coitado do frango assado com farofa. Aí, tem menino que cai e espalha frango e farofa pra tudo quanto é lado, sem contar as redes que são levadas em saco plástico de super-mercado, que arrebenta cai e se mistura com a comida que foi derramada, naquele alvoroço. Meu Deussss!!!! Saiam de perto.

- Penso nas mães gritando "Minino para com isso"; "Te aquieta Mundico"; "Mariazinha não bole com o Jãozinho"; "Ribiiinha, te acomoda seu peste, larga essa coxa que caiu no chão e não limpa a mão suja de farofa na minha saia". É, vai ser uma festa. Rampa que se prepare.

Vou conversar com o prefeito de São Luís. Para se ver livre desses pestinhas por um fim de semana inteiro, acho que vale a pena a prefeitura daqui patrocinar vários padroeiros no interior. A cidade fica mais calma e agradável.

E eu, continuo pensando. Já que a Empregada levou, na marra, um fim semana prolongado, nada mais justo que eu vá fazer as refeições em um bom retaurante e desconte do salário dela. Afinal ela se preocupou muito com o frango assado com farofa, para ela, e não pensou em nenhuma bandinha para mim, que eu também tenho fome.

Esses pensamentos malígnos me agradam muito. Como agradam.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O almoço está servido.

- Por favor, o almoço está servido.
- Que novidade de tratamento é esse Ana? Desde quando a Empregada fala assim? sempre foi: - Posso botar a mesa? o que me obrigava a corrigir para:

- Posso colocar a mesa?

A resposta dela foi assustadora:
- É que a Empregada está pensando em ser promovida para Governanta.
Meu Deus!?!?!
- Quer dizer que a Empregada quer ser promovida e quer que o patrão contrate outra empregada, provavelmente que ela vai indicar e mais provavelmente alguma parenta que provavelmente não quer nada com o trabalho e sim apenas um bom emprego nepote?

A resposta não deveria surpreender:
- O que é nepote? É algo bom ou ruim para a Empregada que deseja ser promovida a Governanta?
- Nem bom nem ruim para ela, mas é péssimo para o Patrão. Significa que estaremos iniciando um processo "congressista" de nepostismo, ou seja, empregarmos parentes preguiçosos que não vão trabalhar, mas que estarão presentes para receber o salário no fim do mês.

E aí? quem é que vai fazer as tarefas da Empregada?
- Se a parenta indicada não fizer, a Empregada, como governanta, vai fazer...
- Pronto, instalou-se a politicalha aqui em casa. Nessa altura a empregada já acertou com a parenta quanto é que ela vai receber para não exigir nada da nova empregada. É a tal distribuição da verba de gabinete...

- Ana, você está vendo televisão demais e nossos políticos não são bom exemplo para nenhum cidadão sério. Na realidade eles estimulam as falcatruas. Os noticiários deveriam passar para as madrugadas com censura rígida de, no mínimo, acima dos 70 anos, quando o indivíduo já não pode fazer tanto. Esqueça tudo isso, porque nós não estamos em Brasília, isso aqui não é o congresso e nem eu sou o Lula (cruz-credo).

E assim, uma sonhada promoção foi radicalmente cortada. Depois sou acusado de destruidor de sonhos. Eu ehinnnn!!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Ana Alice - A empregada

Rampa, um distrito do município de Humberto de Campos, já no litoral do Maranhão, fazendo parte dos Lençóis, foi o responsável pela "vinda ao mundo" da Empregada. O que seria de nós se não existisse Rampa? Como sobreviveríamos aos conturbados dias que vivemos em São Luís e mais aqueles que frequentemente viajamos para Belém - onde temos compromissos profissionais e eventualmente para Teresina, quando a Francisca vai "matar as saudades" da família, se em Rampa não tivesse nascido Ana Alice - a Empregada?

Realmente não teríamos como compartilhar nossa vida em Belém e Teresina, se não tivéssemos a Ana conosco. Confiamos nela e ela tem correspondido plenamente. Uma confiança ampla, que vai desde a alimentação do Brian - o Cachorrão, o pagamento das diversas contas mensais da rotina domiciliar, a fiscalização dos serviços domésticos terceirizados e a presença diária, inclusive nos fins de semana, sempre que estamos fora de São Luís.

Conversadeira, adora contar, sempre nos mínimos detalhes e cheio de "arrodeios", os causos que acontecem com ela, com os parentes e amigos mas, principalmente, com a vizinhança lá da invasão onde mora, ao lado da Vila Lobão. Todo dia tem um "causo": desde confusões nos ônibus quando retornou no dia anterior, ou na vinda para a labuta de manhã cedo e, se não foi no ônibus, a confusão foi de noite com um dos vizinhos ou de madrugada com os pivetes que rondam "o bairro" e, vez por outra, fazem ameaças gerais. Interessante é que ela diz que fica apavorada para, em seguida, contar as ameaças que faz aos "marginais". Vá entender isso.

Também gosta de reclamar do Brian e da má vontade do Cachorrão em ajuda-la nas tarefas domésticas. Diz ela que sempre que é convocado para o trabalho ele corre e vai dormir debaixo da cama. Isso é que é o famoso "caçar conversa". E ela faz com maestria.

Hoje ela veio me perguntar se é verdade que a planta que tenho num vaso na sala se chama Planta da Felicidade. Como pode ser este o nome da planta, se ela cheira mal e fica o tempo todo soltando folhas e sujando o chão? Respondi que esse é o nome certíssimo porque é a "planta da felicidade do patrão" que com isso vê a empregada trabalhando o dia inteiro catando as folhas do chão, sentindo o mal cheiro da planta. Nada pode deixar o patrão mais feliz do que aquilo que faça a empregada trabalhar em condições de risco. Ela deu uma gargalhada e saiu toda feliz. Realmente é a Planta da Felicidade: do patrão e da empregada e também da patroa e do cachorro. Principalmente para uma empregada que adora provocar o patrão.

Nos vemos na próxima segunda-feira quando as conversas da hora do almoço vão começar a "brotar" neste blog. Até lá.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Chegando em São Luís

Chegar em São Luís foi uma odisséia: da emoção da despedida de Porto Velho, da tristeza na passagem por Belém até a angústia na chegada. No meio de tudo isso as peripécias do Brian nos postos de gasolina; ficarmos estressados quando chegávamos a noite e, por isso, invariavelmente nos perdíamos, sem contar o roda-roda, até encontrarmos um hotel, pelo menos razoável no preço, na higiene do quarto e banheiro, e que aceitasse a permanência do Brian; arranjar um restaurante para fazermos uma boa refeição, muitas vezes já bem tarde da noite - o jantar era a única refeição do dia, depois de um café da manhã bem leve e um lanche simples na hora do almoço.

Mas chegamos e, mesmo com muitas dores e ansiedades, chegamos bem, já sentindo, na iluminação de São Luís ao longe, todo um reinício de vida que se desnudava. E com esta perspectiva, vendo a cidade ficar cada vez mais próxima, íamos contando o tempo que faltava para que o "Ferry" atracasse na capital maranhense.

Atracação feita, fomos até o carro. "Os últimos serão os primeiros" - como fomos os primeiros a entrar, seríamos os últimos a sair. Era a resposta bíblica para nossas aflições de viver um desconhecido que estava se delineando. E com calma, tateando por um cidade que não conhecíamos, já quase 11 da noite de um sábado, fomos em busca do hotel que havia sido reservado para nos abrigar na chegada.

Por coincidência o hotel ficava no nosso caminho de entrada na cidade, depois que cruzamos a Ponte José Sarney, sobre a foz do rio Anil, dentro da ilha. Cruzamos a ponte, vimos a grande placa do hotel, encostamos e já agradecendo aos céus pela facilidade depois de tampo tempo de estrada.

Surpresa!!! Os agradecimentos foram cedo demais! Tudo certo mas o hotel se recusou, terminantemente, a aceitar o Brian como hóspede. 11 da noite, cansados e sem ter onde deixar o cachorro. Alopramos e partimos para procurar um hotel que aceitasse aquele que tinha se mostrado um grande companheiro nesses 5.000 km viajados.

Depois de mais de uma hora rodando meio sem rumo, quase sempre perdidos numa cidade nada fácil de andar, tendo recebido negativa em todos os hotéis que encontrávamos, desistimos e retornamos ao hotel da reserva - tinha sido o de melhor custo/benefício. Fomos tentar mais uma insistência de convencimento. No meio da conversa, ainda na recusa intransigente, o recepcionista do hotel nos disse:- porque não levam o cachorro para um hotel de cães aqui do lado? Pensei: esse cara é um louco sádico, e só faltei esganar o indivíduo.

Todos sobrevividos, tudo resolvido, acomodados, banho tomado, estresse nos picos, já eram quase duas horas da manhã, e eu nem conseguia mais dormir. São Luís me tinha feito uma recepção conturbadíssima. Como será que o Brian estava enfrentando tudo isso no seu "hotel"?

Enquanto não conseguíamos alugar um casa, e como ficar em hotel seria muito dispendioso, o jeito foi alugar um "quarto & sala", já mobiliado, próprio para veranistas em temporada, que agora estava bem mais barato pois iniciava agosto. Naquela "kitch" - como ficaria conhecida entre nós e nossos amigos - ficamos bem instalados, em boas condições de produzir o material para implementação de nosso projeto na faculdade.
Mas, para que tudo funcionasse a contento, precisaríamos de uma auxiliar para cuidar da "kitch" e, principalmente, do "cachorrão".

Foi aí que toda uma nova era começou: a clara necessidade de uma empregada doméstica. Mas nunca nos passou pela cabeça que, naquele momento, estávamos "nos conectando" com Alexandre Dumas.

E, como que surgindo do nada, adentrando nossa casa, a nossa intimidade do lar, chega a Ana Alice, a Ana, a "Empregada". Originalmente trabalhando na casa do primo da Francisca, o Jelmiro e a Giselda, nos foi gentilmente "cedida" para superarmos aqueles momentos iniciais. Desses momentos iniciais já se vão três anos e meio. Era a chegada do "D'Artagnan de saias", com capa, espada e tudo o mais que ela tinha direito, para se juntar aos "Três Mosqueteiros".

Amanhã vocês vão conhecer o perfil dessa "jóia rara" - a cativante Ana Alice, conhecida como Ana - a "Empregada" - o terror do Patrão, da Patroa e do Cachorrão.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ganidos Homógrafos

Nossa viagem de carro, que mais pareceu uma aventura expedicionária pelos rincões do mundo, embora cheia de momentos interessantes, nos faz trazer para os leitores apenas o contexto que lhes permita melhor avaliar o "porque" e o "como" acontece essa relação de convivencia necessária entre o patrão, a patroa, a empregada e o cachorro.

Por exemplo, como entender o "cachorrão" sem saber que ao longo dos 3.500 quilômetros que percorremos no trecho de Cuiabá à Belém, ele foi humilhantemente designado a ocupar o "palmo" de espaço no banco traseiro e que neste espaço ele tinha, frequentemente, o monitor do computador caindo por cima dele?

Sabíamos, graças a um "ganido" que ele criou especialmente para definir que tinha sido esmagado. Era um "ahum", bem agudo, que em tradução do "cachorrêz" significava, mais ou menos: - Eih pô!!! Essa merda caiu de novo na minha cabeça!!! E, se passássemos a mão, este mesmo ganido era repetido agora com um novo significado: - Não me agradem passando a mão, que o cucuruto já tá-que-tá. São os conhecidos "ganidos homógrafos" - sejam animais ou humanos.

Vocês podem não acreditar que um único ganido possa dizer tudo isso, mas eu afirmo que pode. É como quando alguém te pede ajuda para carregar um botijão de gás, de 13kg, cheio, e deixa ele cair em cima do teu pé, logo do teu que estava prestando um favor e você diz tão somente e suavemente um grunhido no som de - Putz. Não queiram que eu descreva todo o significado deste "Putz". Pois é, era assim com o ganido do "cachorrão".

Da mesma forma aprendemos que se tem hora para cada atividade. Por exemplo, soltar o "cachorrão" num posto de gasolina de beira de estrada para fazar "pipi", e querer que ele termine tudo bem limpinho, sem óleo nas quatro patas, como se fossem quatro rodas, graxa nos pelos da barriga como se fossem gaxetas, pó de barro nas costas como capô e, depois dessa imagem repugnante, você ver o "monstro" correr para cima de você, trotando como se fosse um equino, balançando as grandes orelhas como se fosse um gavião querendo alçar vôo e, finalmente, pular no teu colo, como se fosse um recém nascido, banhado e cheiroso. É aí, neste doce momento, que percebemos que nossos instintos homicidas estão apenas latentes e, como o gênio da garrafa, implorando ser libertado.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Saindo de Porto Velho

Relembrando: - depois de arrumar o carro, resolvi que partiria naquele momento, num belíssimo final de tarde. Era melhor que, ao amanhecer, já me encontrasse bem longe, me impedindo de arranjar desculpas para adiar a partida.

E assim foi feito. Pelo horário, ainda daria para pernoitar em Ji-Paraná. Telefonei para o Alex, um ex-funcionário e amigo que mora naquela cidade, pedindo que providenciasse a reserva em hotel, pois com a feira agropecuária que iria se iniciar no dia seguinte, havia problema de hospedagem. Ligação feita, reserva confirmada, pé na estrada.

Saindo de casa as lágrimas emergiram. Foi um choro silencioso num por do sol cinematográfico, daqueles que eu curti muito voando de ultraleve. Parece que os anjos que me acompanhavam nos vôos de fim de tarde, resolveram me saudar com aquele visual do adeus.


Mais emoção ainda quando, olhando para o lado, vi o Jair no seu "Borboleta Deslumbrada" - apelido que dei ao jipe Javali pintado na cor amarelo ouro - andando em ala comigo, como fazíamos nos ultraleves. Estava perto o suficiente para eu perceber que nele também as lágrimas escorriam no adeus de um amigo-irmão que compartilhava as alegrias, tristezas e, vez por outra, muita briga.

Momentos vividos como disse o Mello ainda ontem: - "O tempo passa e passamos a contar histórias por nós vividas. E como é bom. Posso entender plenamente o que quis dizer em sua cronica, e fico feliz em fazer parte destes bons tempos, das nossas reuniões em volta de uma mesa farta, conversas paralelas que temperaram nossas amizades".

O Brian, permitido ficar no banco da frente até Cuiabá, estava impecável, com cinto de segurança e um olhar ao longe, como que respeitando a minha dor da despedida. Ainda bebê, mas já um cachorrão, sentia que aquela saida de carro era diferente das tantas outras em que nos acompanhava nas visitas ao Mello - principalmente para repartirmos o almoço de domingo (ele com seus dotes culinários de "Chef" e eu com meus dotes consumistas de "Client" do churrasco "Assados na Brasa"). Ele se comportava direitinho nas idas à padaria, super-mercado, Jeep Clube e tantos outros. Poderia não saber exatamente do que se tratava mas, seguramente sentia, por intuição animal, que seria uma longa viagem. Tão longa que provavelmente não mais retornaria.

Saindo da cidade, lágrimas enxugadas, agora era pensar no pernoite em Ji-Paraná. Seriam 400 km de estrada relativamente boa para uma viagem diurna. A noite, pois estávamos saindo as 5 da tarde e não demoraria muito para escurecer, a estrada era perigosa, intercalando bons trechos com asfalto liso, e outros, repentinamente, com uma buraqueira daquelas de empenar roda e cortar pneu. Assim, sendo de noite, não se podia entusiasmar e cair na "armadilha das crateras sapos" (elas surgiam tão de repente que pareciam sapos pulando do acostamento diretamente na frente da roda do carro).

Numa viagem lenta mas segura, sem que ninguém nos ultrapassasse pois todos deveriam ter pensado na mesma atitude, chegamos por volta das dez e meia da noite e o Alex já estava nos esperando para papearmos um pouco, matando a saudade e falando de planos para o futuro. Foi rápido, mas foi muito caloroso.

O recepcionista do hotel também já esperava por mim e pelo Brian, com expressas recomendações de que o "cachorrão" não fizesse barulho. Prometi que ele seria bem comportado, pois ainda bebê, nem sabia latir. O recepcionista fingiu que acreditou e lá fomos nós quarto a dentro, descançar de uma viagem estressante pelo emocional, por ser noturna, pelos buracos e pelo constante cuidado que eu tinha para o Brian não se machucar em cada freada repentina em cima de um buraco desavisado.

Estava tão cansado que nem tive tempo de me arrumar muito. Foi deitar e "chinar". O Brian? Não tenho a menor idéia de como ele dormiu. Tinha colocado a ração e antes que ele terminasse eu já estava nos braços de Morfeu - o deus grego dos sonhos.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Francisca - a patroa

Francisca, a patroa, parceira nas atividades profissionais e grande companheira nas aventuras, não deixou por menos e foi nos encontrar em Cuiabá para a viagem rodoviária direta, apenas com escalas de pernoite, e juntos curtirmos toda aquela extensão de estradas mal conservadas.

Já tendo passado os meses de março à julho em São Luís, aproveitaríamos os momentos da inevitável solidão nas longas rodovias para que eu fosse colocado a par do perfil dos alunos e do funcionamento da faculdade, além de discutirmos detalhes daquilo que deveria ser ajustado em nosso projeto, de acordo com o que ela percebera naquele período de convivência acadêmica, onde estaríamos implementando algo inteiramente novo e muito diferente.

Foi uma grande viagem onde prevaleceu o companheirismo em momentos de tristeza por tudo aquilo de bom que estávamos abrindo mão; de riso, nas lembranças de tantos momentos hilários vivenciados e de tensão, quando a única vez que caímos de mau jeito numa "panela" da estrada, a roda "embeiçou" e o pneu, sem câmara, esvaziou de uma vez.

Já era inicio de noite e tivemos muito trabalho com o "macaco", o que demorou para retomarmos a viagem. Neste tempo sempre fica o receio de um assalto, pois qualquer um mal intencionado que passasse poderia se sentir atraído pela oportunidade. Um casal, a noite, com um carro no "prego", sozinhos numa estrada erma, está "procurando sarna para se coçar".

Hoje, não será um até amanhã e sim, até segunda-feira.