sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Brian - o cachorrão


Brian é um cão da raça Springer Spainel, marron e de excelente "pedigree". Pegou o apelido de "cachorrão" porque não conhecendo a raça - até então tivemos 2 Cocker Spainel durante quase 18 anos, um mais velho que o outro 6 anos - não conseguimos avaliar corretamente a informação de que os Springer eram muito parecidos com o Cocker, apenas sendo um pouquinho maiores.

Conforme ele foi crescendo esse pouquinho foi ficando um "poucão" e começamos a comentar que ele não era um cachorrinho como o Cocker: ele era um cachorrão. E ponha cachorrão nisso! Hiperativo, adora uma boa brincadeira e se deixarmos ele nos esgota rapidamente, embora, sob nossa avaliação, o ponto alto é a forma como ele se comunica através dos olhos e da boca. É tão forte que as vezes nos angustia aquela linguagem no apelo de quem quer ser entendido.

Quando fizemos a mudança de Porto Velho para São Luís ele acabava de completar 10 meses. Era um simpático "bebezão peludo" participando de sua primeira aventura. E que aventura...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Eu - o patrão

Depois de arrumar o Fiat Mille 1995 com bagagens até o teto, deixando um micro espaço no banco de traseiro para acomodar o cachorro, resolvi que partiria ainda naquele final de tarde. O aperto emocional estava muito forte pois sabia que estava deixando para trás o cenário dos melhores momentos da vida.

Aqueles momentos começaram com a profunda aprendizagem espiritual, na convivência com o Mestre Jean Carlo e o Flávio Sgarbi - que coordenava nossa "Sopa do Sgarbi", uma vez por mês no GEFA, concorrendo com a famosa "Sopa do Micharia" na Av. Pinheiro Machado. Lembranças maravilhosas das amigas tão especiais e inesquecíveis como a Dulci, minha grande madrinha e irmã de alma, a "dondoca" Ilcléia que acreditou no nosso trabalho com as palestras e a querida Patrícia "a patricinha", grande estímuladora para as visões das diversas abordagens de um mesmo tema, cada uma nos gerando especiais aprendizados e, por tudo isso, elas nunca serão substituidas em nossos corações, deixando uma grande lacuna de amor e carinho. Claro que também nos marcaram o Pedro Barbosa e Cleônice na sua missão como dirigente da Federção Espírita e do Centro Bezerra de Menezes, o Elarrat que também nos acompanhou academicamente na FARO, o Trindade - companheiro das tardes de quartas-feiras, Luís Adão e Luís Pontes de inúmeras e construtivas conversas no meu pós-UTI, e tantos outros amigos que nos ajudaram na semeadura que certamente dará farta colheita nas próximas encarnações.

Independente dos contratos que tinha com mais seis empresas de telefonia do sistema Telebrás, Rondônia, especialmente, me abriu as portas e me deu condições de fazer crescer a empresa e, pelas condições de um estado novo, também crescer pessoalmente. Pena que num determinado momento nossa integridade moral que tanto foi referência para a segurança de nossos serviços, passasse a ser um entrave e, na intransigência, optaram por ser "deletado" da relação de fornecedores, com a rescisão unilateral de todos os contratos que estavam em andamento - me lembrando do famoso "corta e apara" quando, com o tio Edson, empinava "papagaios" - hoje "pipas" -no terraço de casa na Rua Farias Brito em Belém. Quanta coisa aprendi naquele episódio.

Mas esta lembrança ruim que foi superada pelas saudades das pescarias com uma turma muito boa, na Represa de Samuel, nos rios Jamari, Verde, Candeias, Machado e tantos outros pesqueiros maravilhosos daquela região, a maioria deles a bordo da minha adorável "Babalu" - uma voadeira de alumínio, especialmente encomendada para atender aquilo que é fonte de desejo de todo pescador esportivo de isca artificial.

Também me veio à lembrança a excelente estação de radio-amadorismo que tinha montada e que me permitia contatos maravilhosos quando ainda nem existia o Skype, e que levava o radio móvel para operação durante os dias de pescaria e nas noites que o cansaço físico e a desidratação do dia no sol nos "derrubava", aproveitava para papear madrugada a dentro.

E os jipeiros e nossas aventuras, que culminou na fantástica expedição solitária que fiz como copila do jipeiríssimo Solano, 4x4 de mão cheia, chegando a Cuzco/Machu Picchu, subindo a cordilheira dos Andes a partir de Rio Branco/AC. O grupo de jipeiros do Jeep Clube de Porto Velho é fantástico e, deles, o único ponto doído foi a imensa saudade que deixou no meu peito.

Mas não foi só isso. Como esquecer daquilo que foi minha grande realização - o sonho dos sonhos - a grandeza e o prazer de voar. O vôo de ultraleve básico, aquele que te toca a alma e provoca adrenalina na medida certa. Aquele prazer que não apenas nos levanta, mas nos enleva, nos faz chegar ao nirvana. Voar esportivamente, de ultraleve básico, e chegar bem próximo da divindade.

Amigos como o Mello, Jair, Solano, Helder, Cássio, Postigo, Walter, Maurílio, Edmundo e tantos outros que não dá nem para relacionar, pesaram tanto quanto suas massas neste meu peito meio derrubado pelos anos e pelo erro de um médico maluco, o que me fez passar seis dias numa UTI - talvez este tenha sido o único fato pessoal negativo em toda minha permanência na querida Rondônia. Mas depois de vinte anos vivenciando "de canudinho" aquelas plagas, acho que seria muito não admitir nenhuma falha, pois do jeito que um médico doido quase me mata, outro médico, competentíssimo, me trouxe de volta.

É, nessa viagem eu estava deixando para trás os melhores e mais vividos momentos da minha vida, com aquela intuição de que eu não voltaria mais.

Como estes meus devaneios se prolongaram, vamos deixar para continuar amanhã, no nosso próximo encontro.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os Três Mosqueteiros

Ainda estava faltando a empregada. Ela só iria aparecer quando estivéssemos "assentados" na capital maranhense. Até lá, sem que nós mesmos percebêssemos, essa ligação fluídica adicional já estava "costurando" o 3 em 1.

Nem imaginávamos que neste grupo iria se integrar um quarto elemento, o que hoje me lembra muito o romance escrito por Alexandre Dumas "Os Três Mosqueteiros" quando a eles veio se juntar D'Artagnan, o inesperado quarto elemento do trio.

É isso mesmo: um trio com quatro integrantes. Se tudo é possível na imaginação criativa dos romancistas e, como a arte imita a vida, então se conclui que também na nossa vida real é válido um trio de quatro integrantes. Se assim não fosse, esse trio perderia todo o seu encanto.

Agora é importante conhecermos este quarteto que vem gerando histórias que se transformam nas estórias que animam nossos almoços e os lanches de final de tarde.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os personagens

Saímos de Porto Velho em 2005, com compromisso profissional de implantarmos nosso projeto de Estágio Supervisionado para o curso superior de Administração, em uma faculdade particular de São Luís. A Francisca veio para São Luís em março, assumindo desde o primeiro semestre e eu e o Brian estávamos vindo em julho, para eu assumir a partir do segundo semestre.

Depois de 1.500km de odisseia, experimentando um novo tipo de "co-piloto", o Brian e eu chegamos em Cuiabá para reencontrarmos a Francisca, que veio de avião, completando o trio numa viagem conturbadíssima.

Começava uma nova história de nossas vidas. O patrão, a patroa e o cachorro unidos pelo aperto de um Fiat Mille, 1995, com bagagem digna de um "pau-de-arara" nordestino trilhavam os 5.000km que separam Porto Velho de São Luís.

Passamos por Belém, onde surpreendentemente tivemos a profunda tristeza de, numa marcante e amarga coincidência, chegarmos no dia em que meu pai, inesperadamente, falecera. Digerido aquele impacto doloroso, buscamos energias no "fundo do baú" para a superação que se fazia necessário para prosseguirmos a viagem até o destino final, que já estava a pouco menos de 1.000km.

Imaginem uma viagem de 5.000km com um carro lotado de bagagem, um cachorro apertado no banco trazeiro com o monitor do computador virando sobre ele a cada jogo de direção para evitar as incontáveis "crateras" que faziam das BRs uma "malha" de grandes buracos, ligados por outros buracos menores e, como numa estrutura atômica, criando uma malha rodoviária ligando cidades. Precisava de muita imaginação para ver "aquilo" como estradas - e nós tínhamos imaginação, o que nos permitiu chegar.

Eram 10 da noite de um sábado quando o "Ferry Boat" encostou em São Luís e nós "puxamos" um ar adicional para os pulmões e, sem conhecer a cidade, saímos para procurar um hotel - os primos da Francisca, que durante seis meses deram toda uma carinhosa hospedagem para ela, estavam viajando para Teresina e não pudemos contar com a ajuda deles.

Começava ali o périplo que nos fez ver que o trio estava realmente iniciando uma grande "navegação". Só não sabíamos que logo em seguida teríamos a companhia da "empregada" para formar nosso quarteto dos Três Mosqueteiros.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Começando...

Não foi fácil ficar convencido de que poderia registrar nossas conversas da hora do almoço aqui em São Luís, sempre animada com as prosas da Ana Alice, nossa "secretária doméstica" de um lado e o Brian, nosso Springer Spainel, fiscalizando tudo, de outro. Ela esperando os elogios pela comida e ele esperando que algumas coisa desse comida caia da mesa para ser vorazmente engolida - não sei porque ele considera que qualquer alimento diferente daquela ração hiper-balanceada, é um maravilhoso pestisco.

A Ana Alice, a partir de agora tratada como Ana ou "empregada", ouvindo as histórias pelas estórias que eu re-contava com as pitadas de sarcasmo e dramaticidade necessários para que fosse despertada a curiosidade da "empregada", normalmente a personagem principal, insistia que toda aquela conversa maluca fosse escrita - acredito que isso se deva por fazer parte do atendimento sado-masoquista do ego.

E aqui estou eu atendendo ao pedido da "empregada" que inclusive tem os créditos pelo título, que foi por ela sugerido e imposto, depois da votação em que fui minoria absoluta e perdedor humilhado por ter a mulher e o cachorro solidários com a empregada, a despeito da minha posição machista de provedor familiar.

Perder para a mulher ainda passa e normalmente aproveitamos para tirar vantagens lá na frente, mas perder para a "empregada" e para o cachorro, aí é humilhação. O "Brian" com todos os atributos de fiel companheiro do dono, submisso a detentora dos temperos, bandeou-se para o lado de lá. Conversarei com ele no dia que acabar o atual saco da boa e cara ração que compro a cada 45 dias.

Tudo isso aconteceu recentemente e para entender é preciso que se saiba de nós, personagens desta vida real, conversando e filosofando sobre os acontecimentos do dia-a-dia, em torno de uma mesa no pontual horário do almoço, no cenário em que nos encontramos nesta simpática e acolhedora São Luís, capital do estado do Maranhão, onde cheguei com "armas e bagagens". Mas isso vamos deixar para que vocês nos acompanhem nas próximas postagens.