quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O dia da abóbora

Foi na semana passada - a desconjurada "Sexta-Feira 13 - Dia da Abóbora". A Empregada aproveitou para fazer um "raspa" nas abóboras com vela que iluminavam os becos lá da invasão, sem imaginar a grita que isso iria gerar. Eram crianças chorando porque tinham visto uma bruxa levar as abóboras; tinha carro da polícia com aquelas luzes que mais parecia boate de zona; repórter de televisão, corpo de bombeiros, enfim, um rebu.

E aí? E aí que a Empregada gelou, passou a noite com febre e, para se livrar do problema trouxe aqui para casa as abóboras, que vai nos dar almoço por um mês, e as velas - tá certo que meio usadas, algumas só o "toquinho", que daria para enfrentarmos muitas horas de falta de luz, o que é comum aqui em São Luís.

Mas nada disso eu sabia. Para mim, a única coisa diferente era o aroma de um bom almoço, que começou cedo. Já nem dava para trabalhar direito, com aquele cheiro gostoso fazendo nosso estômago revirar. Ingenuamente, diversas vezes fui dar uma olhada na cozinha para saber do que se tratava, mas a empregada negou a minha entrada. Pensei que seria pela surpresa que ela queria fazer, e realmente fez, embora muito além do que eu poderia esperar.

Chegada a hora, foi só ouvir o grito do - Já botei a mesa (o que não me acostumo e sempre me arrepia), e eu parti correndo para, afinal, saber o que me esperava e não acreditei no que via. Era abóbora pra todo lado e de todo o jeito. Abóbora recheada com carne, com verdura, abóbora com abóbora, uma especial com cenouras, chuchu e batatas no creme de leite, e até com frango (esse acho que ela também trouxe do despacho, lá da encruzilhada da subida para a invasão e para a Vila Lobão - lá eles não fazem despacho com frango comum, apelam logo para o "Chester" para garantir o pedido, ainda mais sendo sexta feira-13).

Na verdade não sei se ela queria me agradar, para eu liberar o Carnaval, ou queria, depois de todo o rebu de sexta a noite, se ver livre da "prova do crime", me fazendo engolir as abóboras e assim me tornar cúmplice das apropriações indevidas e diabólicas. Decidi que não compactuaria com aquilo e resistiria bravamente a um estômago, que mesmo pequeno, já berrava que nem bode velho.

Mas, depois do terceiro berro do estômago, o jeito era recorrer e, segundo nosso benevolente STF, como ainda cabia este expediente, eu ficaria em liberdade - o que significa a liberdade de comer a abóbora que eu estava "paquerando" - aquela com creme de leite, que cheirava mais que aparador de barbeiro.

Comi que me acabei. Medo das bruxas? He, he, he - aproveitei as velas e acendi todas elas pros santos me protegerem. Se dá certo? É claro que dá, até agora não tive nem indigestão. E para não duvidarem, curtam a foto do que foi a abóbora preferida.

Um comentário:

Unknown disse...

Uma vela acesa, uma abobora, numa noite de sexta feira treze; não faltou a famosa bruxa; como luzes na ribalta, os lampejos dos carros policial e como fundo musical o chororo da criançada.

No afã de angariar a benevolência do patrão, aceita ser chamada de bruxa, corre o risco de um passeio de camburão, mas não abre mão dos folguedos de carnaval.

Serão apenas três dias, mais um ou dois para curtir a ressaca, e com certeza, este variegado cardápio, sensibilizará o amo.