quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

La vem o "monstro"

No meio da tarde, um tempo nublado, aquele jeitão de "não sei se quero que chova", toca a campainha da casa. A pergunta é comum a todos os habitantes:

- A patroa esta esperando alguém? (nessa altura o patrão nunca tem o direito de receber um amigo);
- Murilo, a essa hora, quem será? (como se eu pudesse adivinhar);
- Rhunfff! O Cachorrão rosna e olha, como que falando - quem será o chato?
- Porque vocês não vão ver? (eu disse o óbvio e não fui bem aceito).

A Patroa foi abrir o portão e todos ficamos na espectativa.
- Quem é?
- É o Sedex. Eu preciso que assinem o recibo da encomenda.
O portão foi aberto e vimos o carteiro, franzino, estendendo a mão com um envelope e mais um papel de recibo e uma caneta.

Quando eu disse vimos, foi porque todos nós vimos, inclusive o Cachorrão. E aquilo para ele era uma imagem do paraiso: um carteiro franzino, com as mãos ocupadas bem na frente do portão aberto - era um prato cheio para o espetáculo que ele queria dar e com a platéia ideal - o patrão, a patroa e a empregada. E não deu outra...

Embora de tamanho médio, um cão da raça Springer Spainel, por ser peludo e ter umas belas e grandes orelhas que se balançam a qualquer movimento, sempre dá a idéia de que é muito maior do que a realidade, o que somado com um focinho bem desenhado e também peludo, rapidamente fazem uma imagem mal encarada. Se somarmos a isso tudo uma passada característica única desta raça - um trote equino, podemos imaginar a figura assustadora em que se transforma.

E foi esta figura assustadora que partiu para aquele alvo que ocupava o espaço do portão aberto. A reação foi instantânea, através de um grito de apelo:

- La vem o monstro!!!
Ouvimos do carteiro ao mesmo tempo em ele que pulava para o outro lado da rua. E de lá, ainda apavorado, deu outro grito, desta vez meio engasgado:

- Segura o bicho!!!
Foi quando a Patroa, ainda assustada com a reação do carteiro, gritou para ele:
- Não se preocupe que ele não morde. Ele não passa do batente do portão.
- É o que todo mundo diz, só que os cachorros não sabem. Eu já sou todo mordido. Segura esse bicho!!!

E o Cachorrão, entendendo que tinha se imposto ao estranho, deu duas rosnadas e voltou feliz para dentro de casa - a missão estava cumprida e tinha sido para a platéia certa.

3 comentários:

Unknown disse...

Um carteiro, um portão aberto e uma dentadura canina a mostra.

Cenas muitas vezes trágicas, mas na maioria, cômica, na realidade a espetacular demonstração de eficácia na guarda do patrimônio.

Não sei, mas chego a imaginar a satisfação do animal; que segundo opiniões, não raciocina, continuo teimando em discordar; impondo diante da cativa platéia sua superioridade no espaço que lhe é destinado a defender, mais ainda, o olhar do patrão
ao ver que pelo menos para fazer medo, aquela coisa linda que é o Brian, serve.

Anônimo disse...

Daria tudo para saber o que pensa um cachorrão ao ver um carteiro. Porque o que o carteiro pensa, eu já sei !

Anônimo disse...

Virou jargão: Lá vem o monstro. Segura o bicho.

Todas as vezes que chegamos(Murilo e eu, ou ambos, separados ou juntos) ele vem nos receber alegremente a pular e macular nos roupas limpinhas, babar nossas mãos.

Então, para tentar evitar a tragédia a Ana grita: Lá vai o monstro! E nos preparamos para não sermos açoitados pelas patonas do bicho.

e a sina continua...